domingo, 3 de novembro de 2013

TERCEIRO DIA DE MINHA EXPERIÊNCIA

Sábado, 02.11.2013. Terceiro dia de minha experiência. Já ingiro o aldactone sem mais problemas de irritação. O Finesterida, por ser apenas 1mg, é tão fininho que nem sinto ao ingerí-lo. Tudo pontualmente as 11 e trinta. Sigo á risca as recomendações. Pareço mesmo obstinada e sigo resoluta cada passo.
Ontem, fui dar umas voltinhas  noturnas pelo centro de minha cidade. Comprei um vestidinho preto coladinho ao corpo e um saltinho novo que combinasse com o mesmo e fui esparecer um pouco. Como era feriado do dia de finados, o centro estava devagar, com pouco fluxo de pessoas. Me encaminhei para o Porto Hidroviário que fica nas orlas da cidade, bem defronte ao Rio Negro, e lá acomodei-me para tomar um suco, sentir a brisa e contemplar o rio. Era eu e eu mesma a refletir sobre tudo pelo qual estou passando. Pela decisão que estou tomando. Pelo novo eu que está nascendo. Pela primeira vez em todos esses anos tomei uma decisão que é minha e sigo obstinada. Algo que já deveria ter feito há muitos anos, mas compreendo que tudo cabe em seu tempo. Tudo é mesmo uma questão de amadurecimento. De como vejo o mundo hoje. Não que eu me sinta capaz de enfrentá-lo. De compreende-lo. Ainda não sei. A jornada é árdua. Aprenderei tudo com esta mulher que vai nascendo dentro de mim..É um sentimento inigualável que não sei bem explicar. Olho o rio. Medito. Uma brisa seca me lambe a face. Puxo da bolsa o postal que um velho amigo chamado Júlio, me enviou por estes dias de Amsterdã. Chama-se Júlia agora e vive sua vida de mulher em Lion, Paris. Há três anos que mudou-se para lá. Ganha a vida como títere e confecciona bonecos de pano para uma companhia de Teatro. Está gora em Amsterdã curtindo suas férias. Nos conhecemos na faculdade. Eu fazia Letras e ele Artes. Lembro-me que na ocasião de sua ida, motivei-me para acompanhá-lo, e vivermos as duas este sonho na Europa. Mas as circunstâncias impediram-me de pôr em prática o tal plano, de maneira que acabei ficando por aqui e ele indo. Realizou o que queria e fico feliz por Júlio. Ou melhor, por Júlia. No fundo, não me arrependo. Como disse anteriormente, tudo ao seu tempo. Ainda não estava preparada para empreender tão audaciosa jornada. A minha luta teria que ser aqui. E ela será aqui. Este é o meu desafio. O meu Jihad...
Depois de pagar o suco que enrolei por quase uma hora, continuei minha caminhada noturna sentindo o vento malicioso acariciar-me as pernas lisas. Apesar de arrancar dos transeuntes algumas cantadas ingenuas, outras tantas estranhas e indecorosas, sinto-me incompleta. Se você que está me lendo me visse montadinha juraria também que era mulher passando e de que eu não precisaria submeter-me a esta experiência hormonal, mas não é bem assim. Sinto-me incompleta. Sinto que falta algo em mim. e vou em busca disso custe o que custar...

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